Sabe
aquelas pessoas que têm crenças rígidas e disfuncionais que bradam afirmando que pau
que nasce torto nunca se endireita?! Pois é, conhecemos muitas delas, mas
ainda bem que nunca somos nós! As nossas crenças centrais são importantes para
o desenvolvimento de nossa saúde mental. Como afirma um trecho de uma das
músicas da banda paraibana cabruêra, Mungazé: “A perseguição dos
desejos é algo interminável. Pois
a única lei fixa no universo é o movimento”. Portanto, não tenhamos medo de reestruturar,
ressignificar crenças que nos fazem sofrer em nome de ideais pessoais,
familiares ou políticos que nos aprisionam. Ah, já ia me esquecendo:
flexibilizar crenças rígidas não significa negar nossa personalidade e
identidade, mas aperfeiçoá-las.
A teoria da terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem como objeto principal de estudo a natureza e a função dos aspectos cognitivos (atenção, percepção, memória, raciocínio), ou seja, o processamento de informação que é o ato de atribuir significado a algum evento da nossa realidade. O objetivo dessa teoria é descrever os conceitos (resultados de processos cognitivos) envolvidos em determinado transtorno psicológico de maneira que quando ativados dentro de contextos específicos podem caracterizar-se como mal adaptativos ou disfuncionais. Visa, também, aprimorar estratégias capazes de reestruturar, ressignificar estes conceitos aprendidos de forma idiossincrásicas.
O
modelo cognitivo proposto por Aaron Beck, sugere que temos três níveis de
cognição: crenças nucleares ou centrais, crenças intermediárias e
pensamentos automáticos e baseia-se na hipótese de que as emoções e
comportamento dos indivíduos são influenciados por sua percepção dos eventos,
de tal modo que são as interpretações que determinam os que eles sentem. Nesse
sentido, o terapeuta cognitivo atua no nível do pensamento, que opera junto com
o nível mais óbvio e superficial de pensamento, os automáticos.
As crenças centrais ou nucleares são
afirmações ou ideias que temos sobre nós mesmos: "sou capaz", "sou digna de ser amada". São entendimentos tão
profundos que as pessoas não articulam a si mesmo. Já os pensamentos
automáticos: "meu seminário será ruim", "vou levar um fora daquela garota", refletem as nossas crenças centrais, quanto mais negativos eles
forem, mais negativas e disfuncionais elas serão. As pessoas geralmente
desenvolvem determinadas crenças na infância. Referem-se
aos conceitos mais primitivos acerca do mundo, das pessoas e de si mesmo. Elas
determinam o modo de pensar e agir do sujeito, são globais, rígidas e supergeneralizadas: "sou desvalorizado", "sou incompetente", "sou desamparada", "sou uma fraude".
As crenças centrais podem permanecer em latência todo o tempo, sendo ativados
nos transtornos emocionais como crise de pânico, desregulação das emoções,
fobias, etc. Ao ativar uma crença, a informação pode ser processada de maneira
tendenciosa e o indivíduo passa a extrair do contexto informações que comprove
a crença disfuncional, negligenciando as evidências contrárias. Com isto, objetivo da TCC é identificar,
avaliar e modificar as crenças centrais negativas e disfuncionais.
As crenças centrais podem ser
categorizadas em três esferas: desamparo, desamor e desvalor.
Faxinando meus arquivos, encontrei um trabalho
apresentado por alunos no ano de 2008, sobre o tema de Crenças Centrais,
apresentado em forma de versos e repente. Acho oportuno apresentar aqui a forma
como o escritor, poeta popular e cordelista Joames, tendo um contato
breve com a teoria da TCC expôs de forma criativa e elegante.
Para mais infomaçãoes sobre o poeta Joames veja: (https://www.recantodasletras.com.br/autores/joames).
Referência:
BECK, J. S. Terapia Cognitivo-Comportamental: teoria e prática; tradução: Sandra M. da Rosa. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
Mungazé
Cabruêra
A perseguição dos desejos é algo interminável
Pois a única lei fixa no universo é o movimento
Fatores externos exercem coerção sobre o ser.
Mas jamais tente mobiliar vosso espírito com concreto.
Pois o concreto, em contato com as barras de ferro retorcidas
da estrutura de nossos aleijos educacionais,
chegará a um momento do tempo
em que não haverá mais tempo para removêlos
O reflexo da lua no lago é a propia lua?
Rasguemos o Véu de Maya.
Grandiosa é a herança que Pandora nos deixou
Imaginar, não dá dor de cabeça.
Pois a única lei fixa no universo é o movimento
Fatores externos exercem coerção sobre o ser.
Mas jamais tente mobiliar vosso espírito com concreto.
Pois o concreto, em contato com as barras de ferro retorcidas
da estrutura de nossos aleijos educacionais,
chegará a um momento do tempo
em que não haverá mais tempo para removêlos
O reflexo da lua no lago é a propia lua?
Rasguemos o Véu de Maya.
Grandiosa é a herança que Pandora nos deixou
Imaginar, não dá dor de cabeça.
Fonte:
https://www.vagalume.com.br/cabruera/mungaze.html
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