sábado, 28 de setembro de 2019

O que é Terapia Cognitiva Processual?


Por Eleonardo Rodrigues


Uma estratégia desenvolvida na última década para mudanças de crenças nucleares na Terapia Cognitivo-Comportamental é a Terapia Cognitiva Processual (TCP) criada pelo psiquiatra e psicoterapeuta Irismar Reis de Oliveira, professor titular da UFBA.  Foi inspirada na obra de Kafka, “O Processo”, na qual o personagem Joseph K. é preso e condenado sem saber de que crime era acusado, desenvolvendo pensamentos e crenças persecutórios. A partir desse romance, o autor da TCP hipotetizou que a intenção de Kafka era propor a autoacusação como princípio universal. Na TCP, consequengemente, o sujeito elabora sua própria defesa. Então, a técnica “Processo” da TCP propõe a modificação de crenças disfuncionais mediante seu “julgamento”, de forma semelhante ao que ocorre em um tribunal.
A TCP é um modelo de intervenção psicoterápica baseado na TCC convencional, mantendo as mesmas premissas filosóficas e epistemológicas das terapias cognitivas, que têm como principais expoentes os psicoterapeutas Albert Ellis e Aaron Tim Beck. A TCP tem uma conceitualização de caso própria, estrutura das sessões e condução clínica diferentes da TCC convencional e da TREC (Terapia Racional-Emotivo-Comportamental). Sua estrutura facilita ao terapeuta, seja ele iniciante ou experiente, tomar melhores decisões em relação ao uso de várias técnicas existentes para os tratamentos psiquiátrico ou psicológico. A TCP é dividida de forma a abordar os três níveis de cognição (nível 1 representado pelos PA; nível 2 representado pelos pressupostos subjacentes; e nível 3 representado pelas crenças nucleares) em três fases distintas. Na fase 1 (início da terapia), as crenças nucleares negativas disfuncionais estão predominantemente ativadas; na fase 2 (após início e antes do final), o terapeuta usa as técnicas para desativar as crenças nucleares negativas disfuncionais e ativar as crenças nucleares positivas funcionais.  A fase 3 corresponde ao final da terapia, com foco predominante no equilíbrio de ativação das crenças nucleares negativas e positivas funcionais. Nesta etapa, a metacognição, etapa onde o paciente é instigado a pensar de forma crítica sobre seu próprio modo de pensar ou cognição, é ensinada de forma explícita ao paciente.

Fonte: De-Oliveira, I. R. Terapia Cognitiva Processual – manual para clínicos. Porto Alegre: Artmed, 2016.

Para aprofundamento acesse o link abaixo:

Nenhum comentário:

Postar um comentário