Por Eleonardo Rodrigues
Uma
estratégia desenvolvida na última década para mudanças de crenças nucleares na Terapia
Cognitivo-Comportamental é a Terapia Cognitiva Processual (TCP) criada pelo
psiquiatra e psicoterapeuta Irismar Reis de Oliveira, professor titular da UFBA. Foi inspirada na obra de Kafka, “O Processo”,
na qual o personagem Joseph K. é preso e condenado sem saber de que crime era acusado,
desenvolvendo pensamentos e crenças persecutórios. A partir desse romance, o
autor da TCP hipotetizou que a intenção de Kafka era propor a autoacusação como
princípio universal. Na TCP, consequengemente, o sujeito elabora sua própria
defesa. Então, a técnica “Processo” da TCP propõe a modificação de crenças
disfuncionais mediante seu “julgamento”, de forma semelhante ao que ocorre em
um tribunal.
A TCP é um modelo de
intervenção psicoterápica baseado na TCC convencional, mantendo as mesmas
premissas filosóficas e epistemológicas das terapias cognitivas, que têm como
principais expoentes os psicoterapeutas Albert Ellis e Aaron Tim Beck. A TCP
tem uma conceitualização de caso própria, estrutura das sessões e condução
clínica diferentes da TCC convencional e da TREC (Terapia Racional-Emotivo-Comportamental).
Sua estrutura facilita ao terapeuta, seja ele iniciante ou experiente, tomar
melhores decisões em relação ao uso de várias técnicas existentes para os
tratamentos psiquiátrico ou psicológico. A TCP é dividida de forma a abordar os
três níveis de cognição (nível 1 representado pelos PA; nível 2 representado
pelos pressupostos subjacentes; e nível 3 representado pelas crenças nucleares)
em três fases distintas. Na fase 1 (início
da terapia), as crenças nucleares negativas disfuncionais estão
predominantemente ativadas; na fase 2 (após início e antes do final), o
terapeuta usa as técnicas para desativar as crenças nucleares negativas disfuncionais
e ativar as crenças nucleares positivas funcionais. A fase 3 corresponde ao final da terapia, com foco predominante no
equilíbrio de ativação das crenças nucleares negativas e positivas funcionais. Nesta
etapa, a metacognição, etapa onde o paciente é instigado a pensar de forma
crítica sobre seu próprio modo de pensar ou cognição, é ensinada de forma explícita
ao paciente.
Fonte: De-Oliveira, I. R. Terapia Cognitiva
Processual – manual para clínicos. Porto Alegre: Artmed, 2016.
Para aprofundamento acesse o link abaixo: