Crack é a droga mais consumida em Teresina, segundo delegacia
por Luan Matheus
por Luan Matheus
Os efeitos e
consequências do uso de drogas são temas debatidos há muito tempo pelo poder
público, mas até o momento as soluções ainda não foram encontradas. Embora os
índices sejam alarmantes, de acordo com o delegado de Repressão a
Entorpecentes, Willame Moraes Costa, Teresina e o Piauí ainda não vivem uma situação
crítica em relação às drogas. Porém, pelo alto consumo, as drogas tornaram-se
uma questão de saúde pública.
Segundo Willame Moraes, a droga mais
apreendida pela delegacia de entorpecentes é a maconha, porém, a mais
consumida é o crack. "Pelas características físicas, a maconha é de mais
fácil apreensão, por ser mais volumosa. Já o crack, pelo tamanho,
pequeno valor e pela duração do efeito no organismo é mais utilizado
pelas pessoas", afirma.
Atos Felipe tem 25 anos e há sete
meses abandonou as drogas em busca de uma profissão e de um futuro
melhor. Ele conta que deixou se envolver a um ponto que não conseguia
mais controlar suas próprias ações. "Sou ex-usuário de crack. Comecei a
usar a droga por que me sentia rejeitado e sozinho, fui buscar na rua o
que não tinha em casa e entrei de cabeça nas drogas. No começo era de 15
em 15 dias, depois todo fim de semana e sem perceber, me viciei no
crack", diz.
O professor e psicólogo Eleonardo Rodrigues
explica que as substâncias químicas em geral são parte dos fatores que
levam à dependência, mas que elas atuam junto com as características de
personalidade do indivíduo e o ambiente. "Se um indivíduo experimentou
droga em situação de intenso sofrimento psicológico e sua resposta foi
de alívio, a tendência é repetir esse comportamento", afirma.
Ele
ressalta ainda que há pessoas que usam drogas dentro de um limite
recreativo e outros que ultrapassam esse estágio, ficando na condição de
dependência. Segundo ele, todas as drogas que são capazes de causar
euforia ou alívio físico ou mental atuam de maneira diferenciada em cada
pessoa, no circuito do prazer ou recompensa cerebral.
Durante
um ano, a vida de Atos Felipe se resumiu a usar crack e buscar formas
alternativas para compra-lo, mesmo sem nenhuma fonte de renda. Foram 12
meses de completa dependência da droga. "Cheguei a vender muitas coisas
da minha casa para conseguir usar a droga. Mas com a ajuda do meu pai eu
consegui largar o vício", conta o jovem. Atualmente, Atos Felipe é
coordenador de um dos projetos desenvolvidos através do Movimento Pela
Paz na Periferia (MP3), que trabalha com jovens em situação de em
situação de risco social, com formação profissional e reinserção no
mercado de trabalho.
A história desse jovem se mistura com a
história de milhares de outros teresinenses que estão imersos no mundo
das drogas, quer sejam como usuários ou traficantes, mas também se
diferencia por que a grande maioria não consegue se livrar do vício.
Segundo a Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e Assistência
Social (Semtcas), não existe uma estimativa consolidada desses registros
que aponte o número de usuários, as regiões de maior incidência ou os
tipos de drogas com maior uso. "É importante destacar que necessitamos
realizar um diagnóstico acerca da questão", ressalta Marfica Mota, da
Coordenação Técnica de Monitoramento e Avaliação da Semtcas.
Nacionalmente,
a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde, fez
um levantamento e revelou que cerca de 370 mil brasileiros de todas as
idades usaram regularmente crack e similares (pasta base, merla e óxi).
Entre as regiões do Brasil, o Nordeste lidera com 40% do total, seguido
do Sudeste e Centro-Oeste. Além disso, cerca de 80% dos usuários dessas
substâncias fazem isso em lugares públicos e de grande circulação, como
ruas e praças. Leia mais...
Veja matéria completa:
Jornal Diário do Povo do Piauí. Caderno Cidade, Seção Geral: Drogas. Teresina-PI. Domingo, 06 de outubro de 2013.
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