A técnica da cadeira vazia é uma técnica interativa, usada para ajudar o cliente a manter contato de forma profunda possibilitando a conexão entre pensamentos, emoções e comportamentos do cliente durante o processo terapêutico, devendo ser usada com base nos preceitos humanístico de acordo com a terapia da Gestalt.
A noção de conflito entre partes do self pode ser entendida em relação a Teoria do Self Dialógico, na qual o self autêntico é composto por partes diferenciadas. Juntas, essas partes do eu constituem uma mente complexa ou “sociedade de mente”. Cada posição contém diferentes perspectivas de pensamentos e sentimentos que contribuem para a forma como o eu autêntico pensa, sente e se comporta no mundo. Essas perspectivas são expressas através do diálogo entre as posições do eu contrabalanceado, que ajudam a moldar uma ideia do indivíduo sobre como deveria ser sua autoimagem. Às vezes, as perspectivas são experimentadas como a voz do crítico interno ou os pensamentos que os outros têm sobre o indivíduo, que muitas vezes são internalizados como verdades absolutas sobre o eu. Essas vozes são então refletidas em como alguém fala consigo mesmo, o que pode provocar emoções intensas (Hermans et al., 1992 apud Baher, 2022).
Mediante essa ferramenta tecnicamente “simples”, que requer
treinamento especializado por parte do terapeuta, os clientes consideram
entender o outro lado de inúmeras narrativas entrelaçadas em sua biografia. Logo, o seu maior objetivo é favorecer no sujeito um diálogo,
interno ou externo. Através dessa conversa entre modos esquemáticos presentes,
da criança interior, é possível fortalecer os esquemas (estruturas cognitivas
com significados) de um adulto saudável.
Imagem: www.freepik.com/fotos-gratis/quarto-vazio-moderno-com-mobilia
A técnica da cadeira vazia é uma intervenção terapêutica que tem sido usada em psicoterapia há quase 100 anos, quando o psicólogo psicodramatista Moreno em 1948, fez seus primeiros ensaios. De acordo com o psicólogo gestaltista Perls (1973) essa técnica representa um grupo de intervenções de atuação nas quais o cliente se envolve em um diálogo imaginário em um ambiente contextualizado e pessoas significativas. Essas vivências devem favorecer diálogos com vários graus de estrutura: a) o cliente e um aspecto de si mesmo, ou b) o cliente e uma representação imaginária vívida de um outro importante com quem um relacionamento existe conflito. O principal objetivo consiste em explorar sentimentos subjacentes e seu significado associado com o propósito de alcançar uma resolução de dificuldades pessoais através do processo dessas declarações. Apesar do destaque do trabalho com cadeira vazia e suas variáveis em muitos tipos de tratamento para psicoterapia individual, hoje, além da terapia gestalt, outras abordagens utilizam dessa importante estratégia como a terapia focada na emoção, terapia do esquema e terapia cognitivo-comportamental (Baher, T; 2022).
Aproveito o ensejo, para comunicar que publiquei
com minha equipe recentemente, um Ensaio Clínico Randomizado (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.g
Nosso trabalho foi citado e ajudou a consolidar uma
metanálise desenvolvida por Pascual-Leone, A., & Baher, T., com o título:
“trabalho com cadeira em psicoterapia individual: meta-análise dos efeitos da
intervenção”, publicado pelo periódico Psychotherapy da APA (2023, 60(3),
370–382. https://doi.org/10.1037/pst000