sexta-feira, 30 de agosto de 2013

PORTAL DOMÍNIO PÚBLICO

Biblioteca digital desenvolvida em software livre
Missão:
"Uma biblioteca digital é onde o passado encontra o presente e cria o futuro."
Dr. Avul Pakir Jainulabdeen Abdul KalamPresidente da Índia - 09/set/2003
O "Portal Domínio Público", lançado em novembro de 2004 (com um acervo inicial de 500 obras), propõe o compartilhamento de conhecimentos de forma equânime, colocando à disposição de todos os usuários da rede mundial de computadores - Internet - uma biblioteca virtual que deverá se constituir em referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral.
Este portal constitui-se em um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal.
Desta forma, também pretende contribuir para o desenvolvimento da educação e da cultura, assim como, possa aprimorar a construção da consciência social, da cidadania e da democracia no Brasil.
Adicionalmente, o "Portal Domínio Público", ao disponibilizar informações e conhecimentos de forma livre e gratuita, busca incentivar o aprendizado, a inovação e a cooperação entre os geradores de conteúdo e seus usuários, ao mesmo tempo em que também pretende induzir uma ampla discussão sobre as legislações relacionadas aos direitos autorais - de modo que a "preservação de certos direitos incentive outros usos" -, e haja uma adequação aos novos paradigmas de mudança tecnológica, da produção e do uso de conhecimentos.
FERNANDO HADDAD Ministro de Estado da Educação

FONTE:

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sexualidade na Terceira Idade

Por  EVERALDO LOPES site, mergulhodeolhosabertos.blogspot.com

A ideia que a atividade sexual está ausente na terceira idade é muito difundida. Todavia, a demanda sexual dos idosos sadios diminui, mas permanece. Estatísticas confiáveis revelam que 90% dos homens de sessenta anos continuam sexualmente ativos. Os mesmos estudos dão conta de que 70% dos maiores de setenta e cinco anos e 50% dos nonagenários conservam o interesse sexual, embora apenas 15% dentre eles sejam sexualmente ativos. Segundo estudiosos do assunto, não obstante a redução da atividade sexual na terceira idade, a sexualidade do idoso continua intacta e prazerosa. Certamente a “crença” difundida sobre a negação da sexualidade no idoso deve-se a que vulgarmente considera-se apenas a sexualidade consumada no coito. Esta visão ignora outra s práticas que preenchem o conceito científico de sexualidade. A literatura especializada define-a como a “disposição corporal e psíquica para responder com prazer aos estímulos adequados que podem chegar ao coito e ao orgasmo, porém não necessariamente.” Entre os idosos as carícias e toques que satisfazem a libido são práticas sucedâneas que atendem a esta definição. Portanto não se pode negar a sexualidade entre os idosos, apenas por dificuldades eventuais ou persistentes no coito. Não obstante, se a sociedade conserva uma imagem desfavorável do perfil sexual dos que ultrapassaram a meia idade, e as pesquisas estatísticas que mostram uma realidade diferente não são amplamente divulgadas, os idosos se sentem desamparados para manifestar sua libido. Assim, a falsa informação adversa acerca do comportamento sexual humano após os 60 anos ensombrece o ânimo dos homens e mulheres da terceira idade, condenando-os à conformidade, e induzindo-o s a esconder seus desejos para não se exporem à crítica pública.
Conduta que empobrece desnecessariamente a perspectiva existencial dos maiores de sessenta anos.
É óbvio que o idoso continua sensível aos padrões de beleza estética da juventude; equivoca-se, porém, ao associar sua sexualidade às práticas inerentes aos anos da adolescência e maturidade física. Este engano seria patético. Mas, a coerência crítica do idoso consciente de suas limitações o protege contra o enleio em fantasias impróprias para sua idade; e o predispõe a conviver com as mudanças inevitáveis do seu comportamento sexual, sem constrangimento diante do envelhecimento do próprio perfil corporal e dos seus pares. A maturidade psíquico-afetiva conquistada com a experiência caminha paralelamente à vivência espiritual da existência, apoiada em valores universais. Isto implica num refinamento da libido que permite admirar a bele za estética do homem e da mulher sem o apelo erótico exigente!
 É sabido que em ambos os sexos o coito se torna progressivamente problemático com a idade; no homem por dificuldades na ereção, e na mulher pela falta de lubrificação e estreitamento vaginal decorrentes da ausência dos hormônios femininos estrogênicos, após a menopausa. Porém estas mudanças fisiológicas e anatômicas são progressivas, e evoluem com ritmo e intensidade diferentes de um indivíduo para outro. Quando o problema se torna incapacitante está indicado, opcionalmente, o uso de drogas que prolongam a ereção, e a reposição hormonal cuidadosamente controlada por médico especialista, para anular os efeitos da deficiência estrogênica.  Estas providências podem contornar as dificuldades referidas, mas não rejuvenescem, nem são essenciais para a manifestação da libido; portanto a sua prática deve ser submetida a uma avaliação crítica objetiva da realidade, até porque tais procedimentos só valem a pena quando existe sintonia afetiva na interação do casal.
O comportamento sexual humano sofre influência de fatores coadjuvantes para o melhor ou pior desempenho. Entre estes fatores sobressai a inexistência de parceiro/a por morte de um dos cônjuges, ou separação dos casais. Porém mesmo em relacionamentos oficiais estáveis, muitos casais idosos podem até aparentar sintonia aceitável, mas vivem realmente um distanciamento psíquico afetivo irredutível que equivale a não ter parceiro algum! Este geralmente é o desfecho de um casamento que não chegou a ser um verdadeiro encontro existencial. Como se vê, a atividade sexual na terceira idade sofre muitas influências psicossociais. Mas, também  interferem na sexualidade dos idosos as características biopsíquicas dos pares sexuais[1] e a influência negativa dos transtornos vasculares, decorrentes do Diabetes e doenças sistêmicas mais incidentes nessa faixa etária, obrigando ao uso de medicação específica que influi na resposta sexual.
O aumento da expectativa de vida está fazendo crescer o interesse pelo assunto de que tratamos aqui. Nos últimos 20 anos aumentou o número de idosos que buscam ajuda para melhorar o desempenho sexual. Esta demanda superaquecida tem sido explorada economicamente pela indústria farmacêutica e por charlatães inescrupulosos com ou sem titulação profissional.
Sumariando, o exercício exemplar da sexualidade humana envolvendo fatores biológicos, psicossociais e culturais é problemático em qualquer idade. Porém é mais problemático ainda na terceira idade por conta dos fatores coadjuvantes negativos já mencionados. São tantos os problemas circunstanciais que interferem na atividade sexual na terceira idade, e é tão grande a importância da sexualidade na qualidade de vida, que o aumento da longevidade humana reforça a importância da pesquisa médica, psicológica e sociológica inerente a este tema. Certamente a sexualidade na terceira idade virá a ser um capítulo dos mais complexos e de enorme importância da Gerontologia.
Entre casais idosos, é usual o julgamento estético recíproco desfavorável dos pares, ao avaliarem-se a si mesmos e às/aos parceiras/os. Reconhecemos que não é fácil assimilar o perfil corporal marcado pelo tempo. E como extensão disso, cada indivíduo, cônscio de haver perdido sua própria silhueta sedutora é assaltado pelo pudor de expor-se, inseguro, duvidando de ser alvo do interesse do seu par. É óbvio que o entrave estético é superado pelos casais que conseguiram sustentar, excepcionalmente, um sentimento de aproximação intenso depois de longa convivência conjugal.
Como se pode perceber ao examinar a questão, o companheirismo cúmplice prolongado emoldurado por intensa afetividade, não obstante excepcional, é seguramente a alternativa mais completa para a prática sadia e compensadora da sexualidade na terceira idade! Por outro lado, a experiência recente de um encontro exitoso dos que estão solteiros nesta fase da vida é tão improvável que se pode comparar a uma loteria.
Conclui-se de tudo que ficou dito que a sexualidade na terceira idade é menos erótica do que na juventude, não obstante é satisfatória e na melhor hipótese tende a ser rica de afetividade e sentimentos de aproximação numa intimidade gratificante, cúmplice e confiante. Situação intimamente associada à fortuna de um consórcio conjugal alicerçado desde o começo por afinidades psíquico-afetivas e culturais.
Everaldo Lopes

[1] A atividade sexual  na terceira idade sofre influência tanto da forma como cada um encara as mudanças corporais inerentes à idade, como de atitudes e expectativas impostas pela cultura vigente. Para muitos que não conseguiram despedir-se da valorização física dos atributos da juventude o envelhecimento do próprio corpo e o da companheira/o é uma agressão à sensibilidade estética

FONTE:
Sexologia Notícias - Ano 6(249), 21/08/2013.
Noticiário semanal publicado pelo Instituto Paulista de Sexualidade (http://www.inpasex.com.br), editado pelo Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr., para divulgação de informações e eventos sobre sexualidade humana a interessados.

sábado, 24 de agosto de 2013

HIPNOSE DE PALCO (Alerta da Associação Brasileira de Hipnose)

Texto enviado à Rede Globo.
A ASBH, entidade representativa dos hipniatras e hipnólogos regulamentados do Brasil, fundada em 1957, deseja alertar à produção do
Programa "Encontro com Fátima Bernardes" quanto ao risco que representa colocar no ar, para todo o Brasil, um espetáculo baseado
na submissão de pessoas ao estado de cataplexia ou imobilidade tônica através de técnicas hipnose.
A hipnose é um recurso terapêutico de grande valor, envolvendo técnicas com alto potencial para a solução ou melhora de muitas
doenças físicas e psicológicas, porém deve ser praticada com seriedade e após uma anamnese cuidadosa do paciente. 
A "hipnose de palco", que é a hipnose usada para fins de exibição, que não considera, portanto, o estado psicológico do sujeito, ou a
sua vulnerabilidade a transtornos mentais, promove um estado de cataplexia ou imobilidade tônica que pode causar efeitos deletérios
de dimensões variadas. 
O hipnotista deve ser preparado para identificar as possibilidades de risco do indivíduo submetido à hipnose, fundamentado em
conhecimentos advindos da uma formação clínica. Além disso, o hipnotista também deve ter conhecimento teórico e prático para decidir
quanto às providencias a serem tomadas no sentido de auxiliar a pessoa hipnotizada, em face de alguma situação de risco (17). 
No final século XIX, houve um período de muita tensão na Hungria, por causa de um caso de morte durante uma sessão hipnótica.
Segundo Lafferton13, esta lembrança serve para ilustrar a relação complexa entre pesquisa em Hipnologia, hipnose leiga e casos forenses,
que são largamente discutidos e, muitas vezes, “sensacionalizados” pela mídia em diversas épocas.
Na literatura científica atual, há vários estudos comprovando que a hipnose indevida representa um risco para a saúde mental. Algumas
técnicas de indução hipnótica são realmente perigosas quando aplicadas em determinados indivíduos (16). Há vários relatos de ocorrência
de quadros de psicose esquizofreniforme após sessão de hipnose1, bem como caso de precipitação de convulsão em pacientes epilepticos (3).
Outro fator de risco é que os pacientes com vulnerabilidade à psicose histérica são altamente hipnotizáveis (4,18). 
Com base no conhecimento dos benefícios e riscos da hipnose, em 22 de julho de 1961, graças aos esforços da diretoria da ASBH, o então
Presidente da República Jânio Quadros promulgou o Decreto-Lei no 51.009/61, proibindo, em todo o território nacional, a hipnose de palco e a
prática da hipnose por leigos, com ou sem fins lucrativos. Infelizmente, este Decreto foi equivocadamente revogado através do Decreto no 11
de 19/01/1991, no bojo da análise de um conjunto de decretos revogados pelo Presidente Collor de Mello (36). 
Os diversos riscos da hipnose praticada por leigos foram mencionados pelo Dr David Waxman19 (1917-1994) ao representar a opinião de
médicos ingleses, que consideram estar habilitados para tal prática somente médicos, psicólogos e odontólogos com treinamento qualificado,
uma vez que eles são obrigados a assumir as responsabilidades clínicas e legais sobre seus pacientes. 
Em 1955, a British Medical Association30 se manifestou sobre a hipnose pela seguinte recomendação: “Danos podem ser provocados pela
aplicação da hipnose por pessoas não qualificadas, particularmente quando usada por pessoas indiferentes ao bem-estar do paciente,
ou ignorantes das possíveis complicações mórbidas dos estados hipnóticos. Recomendamos que o uso do hipnotismo no tratamento de
desordens físicas e psicológicas seja restrito a profissionais ligados ao Código de Ética que governa a relação médico-paciente...”.
“Há grande perigo quando usado sem a devida consideração sobre pessoas constitucionalmente predispostas, ou por efeito de doença,
a severas reações psicossomáticas ou comportamento anti-social (criminalmente predispostas)” (2,3,11,12, 14,15,16,19).
Com exposto acima, esperamos ter evidenciado as razões da nossa preocupação com relação à apresentação de espetáculos como o
levado ao ar no mês de agosto no programa supracitado, mesmo que tenha sido uma mera teatralização, pois envolveu um assunto muito sério.
Terapeuticamente, a hipnose só é aplicada depois de várias consultas e, em alguns casos, exames complementares, para o completo
conhecimento das condições do paciente. Somente em casos de emergência médica ou odontológica, para facilitar procedimentos ou aliviar
o paciente de sofrimento, é que a hipnose pode ser aplicada sem os devidos cuidados prévios; mas as técnicas usadas são diferentes do que
é feito no palco. Neste, a pessoa fica exposta à observação de uma plateia e, muitas vezes, submetida a situações que podem lhe causar
medo ou constrangimentos, resultando em estado de intensa ansiedade. É importante lembrar que durante o estado hipnótico a pessoa fica
sugestionável, mas não inconsciente.
Passos da Hipnose Clínica no Brasil:
•Já em 1965, o Conselho Federal de Medicina (CFM) incluiu no Código de Ética Médica (cap. VI, artigos 62, 63 e 64) as normas de
regulamentação do emprego da hipnose pelo médico9. Em 1999, o Plenário do CFM aprovou o Parecer nº 42/99 (20/08/1999), segundo
o qual “a hipnose é reconhecida como valiosa prática médica, prática subsidiária de diagnóstico ou de tratamento, devendo ser exercida
por profissionais devidamente qualificados e sob os rigorosos critérios éticos” (5,6).
•Em 1993, o Conselho Federal de Odontologia aprovou a Resolução 185/93 que dá competência ao cirurgião-dentista para empregar a
analgesia e hipnose, desde que comprovadamente habilitado, quando constituírem meios eficazes para o tratamento odontológico.
Entretanto, o uso da hipnose na Odontologia é reconhecido desde 24/08/1966, já que é mencionado no parágrafo VI do art. 6º da
Lei no 5.081, que regulamenta o exercício desta profissão (7). 
•Em dezembro de 2000, através da Resolução 013/00, o Conselho Federal de Psicologia também aprovou e regulamentou o uso
da hipnose como recurso auxiliar de trabalho do psicólogo (8). 
•Mais recentemente, em 2011, Conselho Federal de Fisioterapia também regulamentou o uso de técnicas de hipnose no trabalho
do fisioterapeuta (9).
Referências.
1- Allen DS - Schizophreniform psychosis after stage hypnosis. Br J. Psychiatry 166:680 (1995). 
2- Bazil CW. et al. - Provocation of nonepileptic seizures… Epilepsia 35:768 (1994). 
3- Bryant, RA; Somerville, E - Hypnotic induction of an epileptic seizure… Int. J. Clin. Exp. Hypn. 43:274 (1995).
4- Cohen, RJ; Sutter, C. – Hysterical seizures: suggestion… Ann. Neurol. 11(4):391-395 (1992).
5- Conselho Federal de Medicina – http://www.portalmedico.org.br/novoportal/index5.asp
6- Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Brasil) – Manual do Médico, informar para não punir. Equipe
CPEDOC, Rio de Janeiro (2000).
7- Conselho Federal de Odontologia – http://www.cfo.org.br/index.htm
8- Conselho Federal de Psicologia – http://www.crpsp.org.br/
9- Conselho Federal de Fisioterapia - http://www.coffito.org.br/projetos_de_lei.asp/
10- Cortez, CM; Oliveira, CR - A Prática da Hipnose e a Ética Médica. Bioética, 11:65 (2003)
11- Guberman, A. – Psychogenic pseudoseizures… Can J Psychiatry 27:401-404 (1982). 
12- Kuyk, J. et al. – Hypnotic recall: a positive criterion in the… Epilepsia 40:485 (1999). 
13- Lafferton, E. - Death by hypnosis: an 1894 Hungarian case… Endeavou. 30:65 (2006). 
14- Mari, F. et al. - Video-EEG study of psychogenic nonepileptic… Epilepsia 47:64 (2006).
15- Martinez-Taboas, A - The role of hypnosis in the detection of psychogenic… Am. J. Clin. Hypn. 45:11 (2002). 
16- McGonidal, A. et al. – Outpatient video EEG recording in the diagnosis of non-epileptic seizures: … J. Neurol. Neurosurg.
Psychiatry 72:549 (2002).
17- Robb, O. et al. – The Negative Consequences of Hypnosis Inappropriately or Ineptly Applied. International Handbook of
Clinical Hypnosis. John Wiley & Sons, Ltd (2001). 
18- Spiegel, D; Fink R. - Hysterical psychosis and hypnotizability. Am. J. Psych. 136:777 (1979).
19- Zalsman, G et al. - Hypnosis provoked pseudoseizures:… Am. J. Clin. Hypn. 45:47 (2002).

FONTE:
Associação Brasileira de Hipnose (ASBH)