A
psicoterapia cognitiva possui como base o modelo cognitivo segundo o qual o
comportamento e afeto são determinados pelo modo como o sujeito interpreta o
mundo (RANGÉ, 2001). De acordo com o modelo cognitivo, as interpretações que o
indivíduo faz do mundo são estruturadas progressivamente desde a infância e são
responsáveis pela formação dos esquemas. Estes são estruturas cognitivas com
significados, cujo conteúdo são as crenças e que servem para orientar o sujeito
regulando seu comportamento, evidenciando, desta forma, o papel da cognição na
forma de agir do indivíduo. (BECK, 1997; RANGÉ, 2001; GREENBERGER; PADESKY,
1999).
De acordo com Rangé
(2001), a terapia cognitiva teve como precursora a terapia racional-emotiva
desenvolvida por Albert Ellis em 1957. Campos (2001) afirma que a terapia
racional-emotivo-comportamental (TREC) pode ser considerada a primeira forma de
psicoterapia cognitiva a ser estruturada, sendo assim, todos os métodos
psicoterápicos de base cognitiva derivou dela de maneira direta ou indireta.
No
entanto, foi Aaron T. Beck quem desenvolveu a terapia cognitiva no início da
década de 60 na Universidade da Pensilvânia. Ela surgiu como uma psicoterapia
breve, estruturada, orientada ao presente e no qual visa resolver os problemas
atuais através da modificação dos pensamentos e comportamentos disfuncionais. A
terapia cognitiva é uma abordagem ativa e pode ser usada numa variedade de
problemas psiquiátricos e caracterizando-se pela aplicação de uma variedade de
procedimentos clínicos. O paciente participa ativamente do processo de mudança
cognitiva (BECK, 1997).
Beck,
que possuía uma orientação psicanalítica, observou algumas características no
processamento cognitivo de seus pacientes com depressão e a relação destas com
os sintomas que os mesmos apresentavam. A partir de suas experiências, Beck
desenvolveu um modelo teórico e submetendo-o a verificações experimentais possibilitando
sua validação.
A
terapia cognitiva não compreende epistemologicamente o modelo positivista, mas
sim, o Racionalismo Crítico proposto por Karl Popper. Para esse filósofo da
ciência, não existe observação neutra da realidade, pois toda observação se faz
à luz de uma teoria contra ou a favor dela, só pode ser considerado científico
o conhecimento que for falseável,
ou seja, que possa ser testado e verificado qual o grau de sua veracidade, pois
verdade em ciência é sempre transitória, passageira. Com base nisso, Beck
desenvolveu a teoria da terapia cognitiva de acordo com as prerrogativas de uma
metodologia científica em que possa ser questionada a falseabilidade de suas
ideias.
Beck (1997) afirma que há 10 princípios
básicos na terapia cognitiva, são eles:
§
Princípio Nº 1. A terapia se baseia na conceituação
cognitiva em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas.
§
Princípio Nº 2. A terapia requer uma aliança
terapêutica segura, baseada na cordialidade, empatia, atenção, respeito e
competência.
§
Princípio Nº 3. A terapia é ativa e requer a
colaboração do paciente para juntos decidirem o que será trabalhado em cada
sessão.
§
Princípio Nº 4. A terapia é focalizada nos
problemas e orientada em metas.
§
Princípio Nº 5. A terapia inicialmente
focaliza o presente, como o exame de problemas no aqui-e-agora.
§
Princípio Nº 6. A TC é educativa e ensina o
paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaídas.
§
Princípio Nº 7. Visa ter um tempo limitado,
tem as mesmas metas para todos os pacientes: promover alívio dos sintomas,
facilitar a remissão do transtorno, ajudar a resolver os problemas, e ensinar
ferramentas para evitar recaídas.
§
Princípio Nº 8. As sessões de terapias são
estruturadas e breves.
§ Princípio Nº 9. A TC ensina o paciente a
identificar, avaliar e modificar seus pensamentos e crenças disfuncionais.
Princípio
Nº 10. A TC utiliza um conjunto de técnicas (gestálticas, comportamentais e
psicanalíticas) para mudar pensamento, humor e comportamento.
Fonte:
ALBUQUERQUE, Ana Rayonara. Contribuições do exercício físico e da
terapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de pânico. 2013.
75p. Trabalho de Conclusão do Curso orientado pelo Prof. Ms. Eleonardo Pereira
Rodrigues (Graduação em Psicologia). Universidade Estadual do Piauí, Teresina,
2012.
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