domingo, 28 de julho de 2013

O que é Terapia Cognitiva?



A psicoterapia cognitiva possui como base o modelo cognitivo segundo o qual o comportamento e afeto são determinados pelo modo como o sujeito interpreta o mundo (RANGÉ, 2001). De acordo com o modelo cognitivo, as interpretações que o indivíduo faz do mundo são estruturadas progressivamente desde a infância e são responsáveis pela formação dos esquemas. Estes são estruturas cognitivas com significados, cujo conteúdo são as crenças e que servem para orientar o sujeito regulando seu comportamento, evidenciando, desta forma, o papel da cognição na forma de agir do indivíduo. (BECK, 1997; RANGÉ, 2001; GREENBERGER; PADESKY, 1999).
De acordo com Rangé (2001), a terapia cognitiva teve como precursora a terapia racional-emotiva desenvolvida por Albert Ellis em 1957. Campos (2001) afirma que a terapia racional-emotivo-comportamental (TREC) pode ser considerada a primeira forma de psicoterapia cognitiva a ser estruturada, sendo assim, todos os métodos psicoterápicos de base cognitiva derivou dela de maneira direta ou indireta.
No entanto, foi Aaron T. Beck quem desenvolveu a terapia cognitiva no início da década de 60 na Universidade da Pensilvânia. Ela surgiu como uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente e no qual visa resolver os problemas atuais através da modificação dos pensamentos e comportamentos disfuncionais. A terapia cognitiva é uma abordagem ativa e pode ser usada numa variedade de problemas psiquiátricos e caracterizando-se pela aplicação de uma variedade de procedimentos clínicos. O paciente participa ativamente do processo de mudança cognitiva (BECK, 1997).
Beck, que possuía uma orientação psicanalítica, observou algumas características no processamento cognitivo de seus pacientes com depressão e a relação destas com os sintomas que os mesmos apresentavam. A partir de suas experiências, Beck desenvolveu um modelo teórico e submetendo-o a verificações experimentais possibilitando sua validação.
                A terapia cognitiva não compreende epistemologicamente o modelo positivista, mas sim, o Racionalismo Crítico proposto por Karl Popper. Para esse filósofo da ciência, não existe observação neutra da realidade, pois toda observação se faz à luz de uma teoria contra ou a favor dela, só pode ser considerado científico o conhecimento que for falseável, ou seja, que possa ser testado e verificado qual o grau de sua veracidade, pois verdade em ciência é sempre transitória, passageira. Com base nisso, Beck desenvolveu a teoria da terapia cognitiva de acordo com as prerrogativas de uma metodologia científica em que possa ser questionada a falseabilidade de suas ideias.

              Beck (1997) afirma que há 10 princípios básicos na terapia cognitiva, são eles:

§  Princípio Nº 1. A terapia se baseia na conceituação cognitiva em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas.
§  Princípio Nº 2. A terapia requer uma aliança terapêutica segura, baseada na cordialidade, empatia, atenção, respeito e competência.
§  Princípio Nº 3. A terapia é ativa e requer a colaboração do paciente para juntos decidirem o que será trabalhado em cada sessão.
§  Princípio Nº 4. A terapia é focalizada nos problemas e orientada em metas.
§  Princípio Nº 5. A terapia inicialmente focaliza o presente, como o exame de problemas no aqui-e-agora.
§  Princípio Nº 6. A TC é educativa e ensina o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaídas.
§  Princípio Nº 7. Visa ter um tempo limitado, tem as mesmas metas para todos os pacientes: promover alívio dos sintomas, facilitar a remissão do transtorno, ajudar a resolver os problemas, e ensinar ferramentas para evitar recaídas.
§  Princípio Nº 8. As sessões de terapias são estruturadas e breves.
§ Princípio Nº 9. A TC ensina o paciente a identificar, avaliar e modificar seus pensamentos e crenças disfuncionais.
  Princípio Nº 10. A TC utiliza um conjunto de técnicas (gestálticas, comportamentais e psicanalíticas) para mudar pensamento, humor e comportamento.


Fonte:
ALBUQUERQUE, Ana Rayonara. Contribuições do exercício físico e da terapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de pânico. 2013. 75p. Trabalho de Conclusão do Curso orientado pelo Prof. Ms. Eleonardo Pereira Rodrigues (Graduação em Psicologia). Universidade Estadual do Piauí, Teresina, 2012.

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