segunda-feira, 29 de julho de 2013

VARIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL


UMA FORMA DIFERENTE DE SENTIR PRAZER

Por Francinete Silva
Cresce o número de casais que optam por relações sexuais que se utilizam do sadomasoquismo para atingir prazeres alternativos. Mas isso só deve ser feito, segundo terapeutas, depois de uma conversa bem aberta entre o casal.

Casais na Paraíba estão experimentando uma nova fórmula do prazer sexual: sadismo/masoquismo. Casos dessa natureza são registrados com frequência nos consultórios de psicologia, onde nesses locais as pessoas envolvidas na prática buscam explicações, junto aos especialistas, sobre o comportamento que elas classificam, às vezes, de moderno, mas também de momentos de loucura.
Embora o sadismo/masoquismo seja considerado de práticas normais no relacionamento sexual, os terapeutas advertem para os riscos desse comportamento que podem levar  à destruição do casamento ou a problemas psicológicos graves. Isto acontece, explicam eles, quando um dos parceiros não aceita a prática.
 Apesar dos consultórios de psicologia serem os locais mais procurados pelas pessoas que praticam o sadismo/masoquismo, não existe em Campina Grande organização de grupos de casais que defendem esse comportamento milenar, a exemplo do que já vem acontecendo em cidades de grande porte, como Rio e São Paulo. Também não existe estatística do número de casais adeptos, muito menos um trabalho que prove a evolução desse tipo de comportamento sexual. Os terapeutas garantem que são muitos os casais envolvidos com a prática do sadismo, muito deles vivendo a experiência de maneira camuflada.
Eleonardo Pereira Rodrigues, psicoterapeuta e hipnoterapeuta, avalia esse comportamento sexual como um avanço no jogo sexual. Ele, que trabalha com adolescente e adulto, explica que essa prática tem como características a vontade das pessoas obterem o prazer sexual. “São práticas sexual comuns em pessoas que querem sentir o prazer, infringindo a dor em outra pessoa, tanto física como psicológica”, explica.
O prazer, através de práticas de sadismo somente é possível ser concretizada se a outra pessoa aceitar a situação, que por sua vez passa a ser denominado masoquismo, situação marcada de humilhação social e verbal, não se caracterizando, portanto, em desvio sexual. O psicoterapeuta Eleonardo Pereira, explica que, paralelamente, à relação do sádico está a relação sadomasoquista, já que depende de outra pessoa para sentir esse prazer. “O prazer do ponto de vista sadomasoquista, com o consentimento da outra pessoa, não é considerado como desvio sexual”.
No jogo sexual, recomenda o terapeuta, é importante o casal observar os limites que vão infringir a dor. “Esses limites estão ligados especificamente à obtenção do prazer, e por sua vez, à erotização e excitação sexual, por essa razão as pessoas devem estar preparadas para não enfrentar problemas”.
É importante lembrar, conforme Eleonardo Pereira, que o sadismo/ sadomasoquismo, se caracteriza uma patologia (problema sexual) quando o casal, ou uma pessoa em si obtém o prazer numa prática única. Ele esclarece, por exemplo, que sentir prazer e ter orgasmo, através da relação sadomasoquista caracteriza um desvio sexual, no entanto, se a pessoa usa esse prazer como uma variação do objeto sexual não se torna um desvio sexual. 
De uma maneira geral, conforme o terapeuta, tudo na sexualidade é válido para obter o prazer sexual, mas adverte ser necessário muito cuidado na hora de experimentar a fantasia, a experiência que serve para amadurecer a vida sexual do casal. Ele lembra que, quanto menos se conhece o nosso corpo mais impressão sexual a gente tem dele e também das representações sociais e psicológicas do prazer. “Quanto mais à gente se permita a esse conhecimento, ao prazer, mais o vínculo é importante para a qualidade da saúde sexual e mental”.
É importante ressaltar que quando as práticas de sadismo envolvem parceiros sem consentimentos ou quando envolvem uma pessoa só, ela perde a denotação porque sai do âmbito da preocupação social.

Origem construída em torno do Marquês de Sade

O sadismo tem fama construída em torno do Marquês de Sade, que na verdade, não era um Marquês, e sim um conde, nascido em 1740 e  falecido em 1.814. O termo sadismo foi popularmente conhecido, no final do século XIX, pelo estudioso alemão Richard von Krappt-Ering. 
Sade escreveu alguns livros de caráter erótico. Acredita-se que boa parte de suas histórias e personagens tenham sido baseadas na vida real. À época em que ele escreveu foi quando criticou, politicamente, Napoleão Bonaparte. “Ele foi preso encarcerado porque tinha muitos contos eróticos. A partir de suas práticas e de seus personagens ficou conhecido como algo um pouco perverso, daí originou-se o nome sadismo, de Sade”, explica Eleonardo. 
O sadismo é conhecido, tecnicamente, como algolagnia, algo é o ato de obter prazer através de infringir dois sofrimentos (físico e psicológico) a outra pessoa. No caso de masoquismo, a palavra é derivada do nome do escritor austríaco Leopod von Sachen Masoch, que nasceu em 1.833 e faleceu em 1.895.
Masoquismo é associado às mulheres, enquanto sadismo aos homens, devido à representação social, da primeira ser mais frágil e o segundo mais agressivo. São contextos relativos, garante Eleonardo.
Uma das formas criminosas do sadismo diz respeito ao estupro, onde o estuprador obtém prazer violentando suas vítimas. “Torna-se um crime porque essa prática traz consequências psicológicas graves à mulher”. 
Do ponto de vista cultural na questão sadomasoquista observa-se o uso de pinças, brincos, tatuagens, características de cortes no corpo, práticas comuns dos adeptos. Do ponto de vista psicológico, a psicanálise caracteriza uma prática masoquista como impulso para a autodestruição, extinto de morte. O sadomasoquismo está ligado à restrição da expressão social de agressividade e de violência. O sadomasoquista representa a erotização da ira, da raiva que não são encontradas em outras saídas sociais. “O indivíduo erotiza a raiva, a agressividade como forma de expressar essa emoção”, disse Eleonardo, exemplificando o caso dos incendiários em Campina Grande que destruíram vários carros.
                                   
Casais buscam fantasias erotizadas na Internet

Os casais buscam as fantasias erotizadas através da Internet ou revistas pornográficas. Elas funcionam, segundo avalia o psicoterapeuta Valdecy Nabude, como estímulo para temperar o relacionamento sexual, mas nem sempre são saudáveis, adverte ele. “Em alguns casos a mulher se sente objeto do prazer, em função de não haver sintonia na relação, tornando a prática prejudicial a ambos”. 
A sociedade machista, conforme Valdecy, leva muitas vezes o homem a pedir ajuda aos psicólogos, no sentido de que estes convençam as mulheres (esposas) a aceitarem determinadas práticas tidas como sadismo, mostrando a elas que fazem parte do casamento. “Infelizmente, nem sempre essas pessoas estão buscando respostas saudáveis para o relacionamento e sim, para uma satisfação pessoal”. 
As práticas de sadomasoquismo no relacionamento sexual podem ser muito perigosas, adverte Valdecy, uma vez que podem levar a um conflito maior gerando, por exemplo, rejeição ao casamento. “Toda fantasia pode ser aceita e praticada se houver um entendimento do casal, com participação mútua”.


FONTE:
SILVA, F. Uma forma diferente de sentir prazer. Jornal da Paraíba, Campina Grande, 08 set. 2001. Atitude. p. 7.
Veja versão online da matéria clicando aqui: 


domingo, 28 de julho de 2013

Federação Brasileira de Terapias Cognitivas

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O que é Terapia Cognitiva?



A psicoterapia cognitiva possui como base o modelo cognitivo segundo o qual o comportamento e afeto são determinados pelo modo como o sujeito interpreta o mundo (RANGÉ, 2001). De acordo com o modelo cognitivo, as interpretações que o indivíduo faz do mundo são estruturadas progressivamente desde a infância e são responsáveis pela formação dos esquemas. Estes são estruturas cognitivas com significados, cujo conteúdo são as crenças e que servem para orientar o sujeito regulando seu comportamento, evidenciando, desta forma, o papel da cognição na forma de agir do indivíduo. (BECK, 1997; RANGÉ, 2001; GREENBERGER; PADESKY, 1999).
De acordo com Rangé (2001), a terapia cognitiva teve como precursora a terapia racional-emotiva desenvolvida por Albert Ellis em 1957. Campos (2001) afirma que a terapia racional-emotivo-comportamental (TREC) pode ser considerada a primeira forma de psicoterapia cognitiva a ser estruturada, sendo assim, todos os métodos psicoterápicos de base cognitiva derivou dela de maneira direta ou indireta.
No entanto, foi Aaron T. Beck quem desenvolveu a terapia cognitiva no início da década de 60 na Universidade da Pensilvânia. Ela surgiu como uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente e no qual visa resolver os problemas atuais através da modificação dos pensamentos e comportamentos disfuncionais. A terapia cognitiva é uma abordagem ativa e pode ser usada numa variedade de problemas psiquiátricos e caracterizando-se pela aplicação de uma variedade de procedimentos clínicos. O paciente participa ativamente do processo de mudança cognitiva (BECK, 1997).
Beck, que possuía uma orientação psicanalítica, observou algumas características no processamento cognitivo de seus pacientes com depressão e a relação destas com os sintomas que os mesmos apresentavam. A partir de suas experiências, Beck desenvolveu um modelo teórico e submetendo-o a verificações experimentais possibilitando sua validação.
                A terapia cognitiva não compreende epistemologicamente o modelo positivista, mas sim, o Racionalismo Crítico proposto por Karl Popper. Para esse filósofo da ciência, não existe observação neutra da realidade, pois toda observação se faz à luz de uma teoria contra ou a favor dela, só pode ser considerado científico o conhecimento que for falseável, ou seja, que possa ser testado e verificado qual o grau de sua veracidade, pois verdade em ciência é sempre transitória, passageira. Com base nisso, Beck desenvolveu a teoria da terapia cognitiva de acordo com as prerrogativas de uma metodologia científica em que possa ser questionada a falseabilidade de suas ideias.

              Beck (1997) afirma que há 10 princípios básicos na terapia cognitiva, são eles:

§  Princípio Nº 1. A terapia se baseia na conceituação cognitiva em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas.
§  Princípio Nº 2. A terapia requer uma aliança terapêutica segura, baseada na cordialidade, empatia, atenção, respeito e competência.
§  Princípio Nº 3. A terapia é ativa e requer a colaboração do paciente para juntos decidirem o que será trabalhado em cada sessão.
§  Princípio Nº 4. A terapia é focalizada nos problemas e orientada em metas.
§  Princípio Nº 5. A terapia inicialmente focaliza o presente, como o exame de problemas no aqui-e-agora.
§  Princípio Nº 6. A TC é educativa e ensina o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaídas.
§  Princípio Nº 7. Visa ter um tempo limitado, tem as mesmas metas para todos os pacientes: promover alívio dos sintomas, facilitar a remissão do transtorno, ajudar a resolver os problemas, e ensinar ferramentas para evitar recaídas.
§  Princípio Nº 8. As sessões de terapias são estruturadas e breves.
§ Princípio Nº 9. A TC ensina o paciente a identificar, avaliar e modificar seus pensamentos e crenças disfuncionais.
  Princípio Nº 10. A TC utiliza um conjunto de técnicas (gestálticas, comportamentais e psicanalíticas) para mudar pensamento, humor e comportamento.


Fonte:
ALBUQUERQUE, Ana Rayonara. Contribuições do exercício físico e da terapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno de pânico. 2013. 75p. Trabalho de Conclusão do Curso orientado pelo Prof. Ms. Eleonardo Pereira Rodrigues (Graduação em Psicologia). Universidade Estadual do Piauí, Teresina, 2012.

Compreendendo a dor e o sofrimento em hipnose, psicoterapia e odontologia.



O presente capítulo desse livro tem como diretriz demonstrar a eficácia do controle da dor através da Hipnose Terapêutica. Fazendo um apanhado histórico das teorias da hipnose, desmistificando rótulos errôneos da prática hipnótica em Psicologia e Psicoterapia e, por fim, através de um relato final de pesquisa expõe a viabilidade da hipnose na clínica odontológica em pacientes algofóbicos, ou seja, que têm medo de dor.
Organizado pelo Psicólogo Gildo Angelotti e publicado pela Casa do Psicólogo, contém os seguintes capítulos: 1. Aceitação da dor crônica: novidade conceitual ou resgate de um princípio fundamental no tratamento de doenças crônicas?; 2. Terapia cognitiva e comportamental no tratamento da dor Crônica; 3. Tratamento cognitivo-comportamental da enxaqueca; 4. Terapia cognitivo-comportamental aplicada à síndrome do intestino irritável: Novas fronteiras terapêuticas; 5. Treinamento de habilidades sociais no tratamento da dor crônica; 6. Compreendendo a dor e o sofrimento em hipnose, psicoterapia e odontologia; 7. Dor e meditação. 
Por Eleonardo Rodrigues.